Será que o futuro das cidades é zerar o lixo?
Uma entrevista com Arthur Rancatti sobre o Congresso Internacional Cidades Lixo Zero que aconteceu em Brasília no último mês.
Em junho de 2024, Brasília foi palco do terceiro Congresso Internacional Cidades Lixo Zero, um marco global no debate sobre práticas sustentáveis de gestão de resíduos.
Com líderes de todo o mundo discutindo o 'Acordo Social - Um Caminho para Transformar Cidades', o evento discutiu como o envolvimento comunitário é vital para criar futuros urbanos sustentáveis.
Essa entrevista traz os melhores momentos do evento através das palavras de Arthur Rancatti, um pioneiro no Movimento Lixo Zero, para entender melhor esse encontro promisso.
O que é o Movimento Lixo Zero?
O movimento Lixo Zero propõe soluções práticas para a gestão de resíduos, visando minimizar o desperdício e maximizar a reciclagem e compostagem.
Essa abordagem vai além das questões ambientais, abordando também problemas sociais, econômicos e de governança. No cerne do movimento está a ideia de um "Acordo Social", que une diferentes setores da sociedade em prol do bem comum, inspirando-se no conceito de aldeias colaborativas.
O objetivo é destinar 100% de tudo que produzimos e consumimos, corretamente.
Para saber mais sobre como foi o evento, fizemos uma entrevista exclusiva com uma das pessoas referências no tema: Arthur Rancatti.
Arthur Rancatti é Embaixador Lixo Zero desde 2013. Atualmente, é diretor executivo do Coletivo Joinville Lixo Zero e atua na organização da Semana Lixo Zero na cidade há 11 anos.
Também coordena o Coletivo Itajaí Lixo Zero e dá suporte para outros coletivos em SC.
Educador e consultor para a sustentabilidade, é co-fundador da Rastro Sustentabilidade e ESG. Já capacitou mais de 10 mil pessoas por meio de palestras e oficinas.
Também é assessor parlamentar do deputado estadual Marquito na área de resíduos sólidos e sustentabilidade, é responsável pela gestão do Programa ALESC Sustentável e auxilia em politicas públicas de compostagem.
Nos últimos meses, assumiu a coordenação de comunicação do Movimento ODS SC.
Leia a entrevista completa:
ag. casoca - Arthur, explica pra gente o que é uma cidade lixo zero?
Arthur - Já existem iniciativas de Cidades Lixo Zero por todo mundo. Muitas seguem no caminho para atingir essa meta, na Europa, Califórnia e Japão. Mas a cidade que me chamou a atenção neste ano, foi Lajeado Grande, um município no oeste de Santa Catarina com 1.702 habitantes. A cidade produz em média 20 toneladas de resíduos por mês, que ia tudo para aterro sanitário. Depois de uma consultoria que a prefeitura contratou, a cidade desvia 18 toneladas de resíduos do aterro, sendo encaminhado para reciclagem e compostagem. A compostagem é feita com baldinhos e a reciclagem por uma empresa terceirizada pela prefeitura. Isso mostra que mesmo pequeno, quando o município quer, ele consegue.
ag. casoca - Qual foi o tema principal do evento Cidades Lixo Zero de 2024 e como o tema se desdobrou?
Arthur - Acordos sociais e ambientais.
A tônica do congresso foi trazer a responsabilidade compartilhada, que já é uma das premissas da Política Nacional de Resíduos Sólidos. Esses acordos, entre poder público, sociedade e setor privado é o que ditam as regras de uma gestão de resíduos integrada e eficiente.
Também ficou muito latente a importância dos povos originários serem incluídos no processo e também servir como fonte de inspiração para o cuidado da natureza.
ag. casoca - Teve algo que te chamou atenção nessa edição?
Arthur - A grandiosidade do evento e a participação ativa de mais de 2 mil pessoas de todo o país e estrangeiros. Tem muita gente, e as juventudes protagonizando, trabalhando por suas cidades lixo zero. Às vezes a gente se sente sozinho na jornada, mas ao se conectar e reconectar com amigos da causa, saímos mais fortes e engajados para seguir.
ag. casoca - Como você enxerga o futuro em relação aos nossos resíduos?
Arthur - O desafio é gigante e para isso as soluções precisam ser maiores ainda. Tenho muito receio das soluções simplistas e de curto prazo, como o caso da incineração. Tem muito empresário e município apostando nisso, que além de caro, não incentiva a redução de produção de resíduos e já sabemos que é uma tecnologia obsoleta e que não pode ser considerada uma energia limpa. A gente precisa de um grande acordo e investimentos pesados em compostagem, entender que os resíduos orgânicos estão no ciclo da alimentação e não dos resíduos. Incentivar a profissionalização e tecnologias nas cooperativas de reciclagem. Também se faz urgente o pagamento por serviço ambiental prestado pelas cooperativas, se as empresas que gerem os aterros sanitários recebem por resíduo coletado e aterrado, porque as cooperativas não recebem um pagamento por resíduos reciclados?
ag. casoca - Conte um pouco sobre como é seu trabalho relacionado à causa.
Arthur - Eu já atuo mais de 10 anos com gestão de resíduos.
Sou Embaixador lixo zero em Santa Catarina e coordeno 2 coletivos por aqui, os de Joinville e Itajaí. É um trabalho lindo de educação ambiental e ativismo que já faz parte da minha missão nessa terrinha. Atualmente também estou como assessor do deputado estadual Marquito, com as pautas de resíduos sólidos e sustentabilidade, este ano protocolamos o projeto de lei da compostagem no estado, vocês podem acompanhar aqui.
E tenho uma consultoria em ESG e Sustentabilidade, onde atendemos empresas de diversos setores, a Rastro.
Conclusão: Um Chamado à Ação
A abordagem Lixo Zero não só reduz nosso impacto ambiental, mas também promove uma economia mais sustentável, reduz disparidades sociais e incentiva a inovação e o empreendedorismo.
A participação de todos os setores da sociedade é crucial nesse processo. O Cidades Lixo Zero é o palco onde essas ideias se encontram e onde a reflexão se transforma em ação.
Se você quer apoiar o movimento e fazer parte, você pode se tornar um(a) Embaxaidor Lixo Zero na sua cidade entrando em contato direto com o Arthur que vai te auxiliar no processo.
Lembrando que Semana Lixo Zero acontece em Outubro e já conta com centenas de cidades pelo país.Entre os dias 25 e 27 de junho, Brasília sediou a terceira edição do Congresso Internacional Cidades Lixo Zero, o maior evento do Brasil dedicado às boas práticas de gestão de resíduos.
Com o tema "Acordo Social - Um Caminho para Transformar Cidades", o congresso reuniu líderes mundiais, especialistas, ativistas e entusiastas da sustentabilidade para discutir o papel crucial do engajamento comunitário na construção de cidades mais sustentáveis.
O que é o movimento Lixo Zero?
O movimento Lixo Zero propõe soluções práticas para a gestão de resíduos, visando minimizar o desperdício e maximizar a reciclagem e compostagem.
Essa abordagem vai além das questões ambientais, abordando também problemas sociais, econômicos e de governança. No cerne do movimento está a ideia de um "Acordo Social", que une diferentes setores da sociedade em prol do bem comum, inspirando-se no conceito de aldeias colaborativas.
O objetivo é destinar 100% de tudo que produzimos e consumimos, corretamente.
Para saber mais sobre como foi o evento, fizemos uma entrevista exclusiva com uma das pessoas referências no tema: Arthur Rancatti.
Arthur Rancatti é Embaixador Lixo Zero desde 2013. Atualmente, é diretor executivo do Coletivo Joinville Lixo Zero e atua na organização da Semana Lixo Zero na cidade há 11 anos.
Também coordena o Coletivo Itajaí Lixo Zero e dá suporte para outros coletivos em SC.
Educador e consultor para a sustentabilidade, é co-fundador da Rastro Sustentabilidade e ESG. Já capacitou mais de 10 mil pessoas por meio de palestras e oficinas.
Também é assessor parlamentar do deputado estadual Marquito na área de resíduos sólidos e sustentabilidade, é responsável pela gestão do Programa ALESC Sustentável e auxilia em politicas públicas de compostagem.
Nos últimos meses, assumiu a coordenação de comunicação do Movimento ODS SC.
Leia a entrevista completa:
ag. casoca - Arthur, explica pra gente o que é uma cidade lixo zero?
Arthur - Já existem iniciativas de Cidades Lixo Zero por todo mundo. Muitas seguem no caminho para atingir essa meta, na Europa, Califórnia e Japão. Mas a cidade que me chamou a atenção neste ano, foi Lajeado Grande, um município no oeste de Santa Catarina com 1.702 habitantes. A cidade produz em média 20 toneladas de resíduos por mês, que ia tudo para aterro sanitário. Depois de uma consultoria que a prefeitura contratou, a cidade desvia 18 toneladas de resíduos do aterro, sendo encaminhado para reciclagem e compostagem. A compostagem é feita com baldinhos e a reciclagem por uma empresa terceirizada pela prefeitura. Isso mostra que mesmo pequeno, quando o município quer, ele consegue.
ag. casoca - Qual foi o tema principal do evento Cidades Lixo Zero de 2024 e como o tema se desdobrou?
Arthur - Acordos sociais e ambientais.
A tônica do congresso foi trazer a responsabilidade compartilhada, que já é uma das premissas da Política Nacional de Resíduos Sólidos. Esses acordos, entre poder público, sociedade e setor privado é o que ditam as regras de uma gestão de resíduos integrada e eficiente.
Também ficou muito latente a importância dos povos originários serem incluídos no processo e também servir como fonte de inspiração para o cuidado da natureza.
ag. casoca - Teve algo que te chamou atenção nessa edição?
Arthur - A grandiosidade do evento e a participação ativa de mais de 2 mil pessoas de todo o país e estrangeiros. Tem muita gente, e as juventudes protagonizando, trabalhando por suas cidades lixo zero. Às vezes a gente se sente sozinho na jornada, mas ao se conectar e reconectar com amigos da causa, saímos mais fortes e engajados para seguir.
ag. casoca - Como você enxerga o futuro em relação aos nossos resíduos?
Arthur - O desafio é gigante e para isso as soluções precisam ser maiores ainda. Tenho muito receio das soluções simplistas e de curto prazo, como o caso da incineração. Tem muito empresário e município apostando nisso, que além de caro, não incentiva a redução de produção de resíduos e já sabemos que é uma tecnologia obsoleta e que não pode ser considerada uma energia limpa. A gente precisa de um grande acordo e investimentos pesados em compostagem, entender que os resíduos orgânicos estão no ciclo da alimentação e não dos resíduos. Incentivar a profissionalização e tecnologias nas cooperativas de reciclagem. Também se faz urgente o pagamento por serviço ambiental prestado pelas cooperativas, se as empresas que gerem os aterros sanitários recebem por resíduo coletado e aterrado, porque as cooperativas não recebem um pagamento por resíduos reciclados?
ag. casoca - Conte um pouco sobre como é seu trabalho relacionado à causa.
Arthur - Eu já atuo mais de 10 anos com gestão de resíduos.
Sou Embaixador lixo zero em Santa Catarina e coordeno 2 coletivos por aqui, os de Joinville e Itajaí. É um trabalho lindo de educação ambiental e ativismo que já faz parte da minha missão nessa terrinha. Atualmente também estou como assessor do deputado estadual Marquito, com as pautas de resíduos sólidos e sustentabilidade, este ano protocolamos o projeto de lei da compostagem no estado, vocês podem acompanhar aqui.
E tenho uma consultoria em ESG e Sustentabilidade, onde atendemos empresas de diversos setores, a Rastro.
Conclusão: Um Chamado à Ação
A abordagem Lixo Zero não só reduz nosso impacto ambiental, mas também promove uma economia mais sustentável, reduz disparidades sociais e incentiva a inovação e o empreendedorismo.
A participação de todos os setores da sociedade é crucial nesse processo. O Cidades Lixo Zero é o palco onde essas ideias se encontram e onde a reflexão se transforma em ação.
Se você quer apoiar o movimento e fazer parte, você pode se tornar um(a) Embaxaidor Lixo Zero na sua cidade entrando em contato direto com o Arthur que vai te auxiliar no processo.
Lembrando que Semana Lixo Zero acontece em Outubro e já conta com centenas de cidades pelo país.