Bioeconomia: o potencial desconhecido da Amazônia
E o papel das comunidades indígenas na conservação ambiental e cultural.
Oie, Regeneradores!
Hoje vamos falar de Amazônia, um bioma que chama a atenção do mundo, sabe porque?
Sua importância ecológica, mas também pelo misterioso desconhecido que ainda há ali dentro da floresta.
A Amazônia, sendo o bioma com mais território preservado no Brasil, desperta dois interesses:
Por um lado, há aqueles que querem protegê-la, valorizando a floresta em pé e apoiando comunidades locais em práticas sustentáveis (no caso, a gente!); por outro, enfrentamos ainda a visão arcaica de exploração intensa dos "recursos naturais", como se ainda tivéssemos na época medieval de dominação.
Nessa edição, vamos descobrir como iniciativas de regeneração e bioeconomia estão criando novos caminhos para um desenvolvimento que respeita e preserva esse tesouro nacional, e claro, vou contar um pouco da minha experiência lá como professora junto da EcoUniversidade.
BOM DIA QUE SETEMBRO TE DÊ A FORÇA E O PODER DA IZABEL (na foto) NASCIDA E VIVIDA NA ALDEIA KUMARUMÃ
A Amazônia é gigante, segundo o IBGE, nossa a floresta corresponde a 58,93% do território brasileiro, ela faz parte do nosso DNA como nação, abriga aproximadamente 6.500 aldeias indígenas, conforme dados da Secretaria de Saúde Indígena.
Enquanto debatemos sobre o desenvolvimento econômico e o frequente desmatamento para aumentar o PIB, vamos falar sobre AUMENTO DA ATIVIDADE ECONÔMICA COM FLORESTA EM PÉ.
Uma dessas alternativas é a BIOECONOMIA que pode movimentar até R$1,3 trilhão até 2030, o que equivale a 12% do PIB, segundo a Redirection International , TEM POTENCIAL MUITO POTENCIAL.
A Bioeconomia é um modelo econômico que valoriza o que a natureza oferece sem destruição, utilizando plantas, animais e microrganismos para criar uma variedade de produtos e serviços, preservando assim a biodiversidade e promovendo o desenvolvimento digno.
A jornada de aprendizagem - mentoria - que deu origem a duas marcas coletivas de artesanato
No contexto da promoção da bioeconomia, tive a oportunidade de ser professora em um projeto transformador em Oiapoque, Amapá, convidada pela EcoUniversidade.
Em março deste ano, iniciamos uma jornada intensiva de planejamento e desenvolvimento de dois empreendimentos coletivos, femininos e indígenas, focados no artesanato local.
Este processo não apenas fortaleceu a comunidade, mas também reforçou a importância da autonomia econômica feminina nas aldeias.
Elas que definiram sua proposta de valor, seu público alvo, como elas gostariam de se mostrar para o mundo, e a parte mais difícil, calcular o valor real de cada peça ofertada.
Depois de 10 dias seguidos participando de dinâmicas de manhã e à tarde, chegamos em um resultado tão emocionante, que deu origem a XIME LAVI que significa o caminho da vida para o povo karipuna e a essa foto capturada pela fotógrafa Gabi Di Bella que registrou tudo:
Um fator crucial para tornar o conteúdo complexo mais acessível foi a colaboração com Jess Tenório, uma facilitadora gráfica que traduziu visualmente cada sessão de treinamento, deixando materiais como obra de arte exposto para todos da aldeia.
Mas peraí, por que nos chamaram para estruturar marcas de artesanato?
A base alimentar dessas comunidades, a mandioca, enfrenta ameaças de pragas, impactando severamente a economia local.
Este cenário reforça a necessidade de estratégias alternativas de renda, como demonstrado pelo engajamento das mulheres das Aldeias do Manga e Kumarumã, que querem criar novas formas de sustento, destacando a resiliência e a capacidade de adaptação dessas comunidades.
Os povos Karipuna e Galibi Marworno há gerações e gerações, usam a mandioca para rituais e costumes, dezenas de jeitos de preparo da comida, e tudo isso está ruindo junto.
A farinha de mandioca tanto usada nas refeições era comercializada principalmente do outro lado da fronteira, na Guiana Francesa, gerando renda para as famílias indígenas, agora não tem mais farinha e nem mais renda.
Saiba mais aqui sobre a situação da agricultura:
Base alimentar dos indígenas do Oiapoque, mandioca é ameaçada por pragas no Amapá
A resiliência e união das mulheres para geração de renda
O artesanato não apenas resgata a cultura, mas também restaura a autoestima e fortalece a economia local.
Quero lembrar aqui que outra forma de se alimentar nas Aldeias é através da caça que as mulheres não fazem parte, apenas os homens, por isso também, é extremamente necessário que elas tenham sua própria renda.
Dona Domingas, é um exemplo desse movimento.
Ela tem passado adiante saberes ancestrais sobre a confecção de artefatos e alimentos.
Suas habilidades, ensinadas por gerações de mulheres, estão permitindo que essas comunidades mantenham seus costumes e evitem a migração para cidades onde muitos perdem seu vínculo com a terra e a cultura.
Ao garantir uma fonte de renda dentro das aldeias, essas mulheres estão preservando seu território e sua dignidade, demonstrando o potencial econômico e cultural do artesanato indígena.
🐝 Entenda aqui as perspectivas e desafios da Estratégia Nacional de Bioeconomia
A Estratégia Nacional de Bioeconomia do Brasil propõe uma mudança significativa na utilização dos produtos da floresta, com foco especial na preservação e no desenvolvimento econômico.
O plano leva em consideração a biodiversidade para inovações em áreas como agricultura, saúde e indústria, potencializando a economia enquanto conserva o meio ambiente.
Apesar das promessas, a estratégia enfrenta desafios, como a necessidade de investimentos substanciais e a integração efetiva de comunidades locais e indígenas nos benefícios econômicos. Além disso, a governança ambiental ainda precisa ser fortalecida para garantir a implementação eficaz das políticas propostas.
Manter a floresta em pé com incentivo a negócios regenerativos seria um ótimo caminho para diminuir as queimadas no Brasil.
Os incêndios, muitas vezes ligados a práticas ilegais de desmatamento para agricultura e pecuária, representam uma ameaça significativa para a biodiversidade e a estabilidade climática.
E a bioeconomia apresenta-se como uma alternativa para reverter essa situação, conheça o estudo sobre Bioeconomia Indígena aqui.
Enquanto isso, os focos de incêndio em agosto na Amazônia atingiram maior nível em 14 anos, não tem como não se sentir mal com a situação, seja por consciência, seja pela respiração, ou os 2 juntos.
Olha só nossa foto de satélite, quanta biodiversidade virando pó:
“Esse empoderamento social das populações amazônicas será baseado em educação de qualidade, no padrão MIT, e na criação de condições de desenvolvimento para a implantação muito rápida e efetiva dessa nova economia da floresta em pé, gerando uma grande quantidade de novos produtos, em quantidade suficiente para alimentar essa nova bioeconomia.”
disse o cientista climático Carlos Nobre em entrevista para a Mongabay
🍫 Exemplo de negócio regenerativo que chega na sua casa em formato de “preciso de um pedaço com café”
A Cacau Clube é uma assinatura que conecta apaixonados pelo mundo do cacau a ideias ambientais e sociais, por meio de uma caixa de chocolates que chegam na sua porta todo mês. Esse foi o mês de conhecer a Warabu!
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🚱 Por que o Brasil vive a maior seca de sua história; Dados do Cemaden mostram que todos os estados registram falta de chuvas, com exceção do Rio Grande do Sul. Número de cidades afetadas aumentou quase 60% entre julho e agosto.
🌳 Dia da Amazônia: bioeconomia é ferramenta para reduzir desigualdades; Desafios incluem adequar investimentos às realidades locais e garantir uma distribuição justa dos benefícios.
🌱 5 plantas nativas da Amazônia que ganharam o mundo; Açaí, castanha-do-Pará, guaraná, cumaru e seringueira. Veja a história, os usos e a produção de espécies originárias do bioma amazônico.
🧯 Como mudanças climáticas impulsionam incêndios no Brasil; Enquanto país enfrenta a pior seca da história, fogo se alastra por diversos biomas, da Amazônia ao Pantanal. Fumaça encobre diversas cidades.
💚 Iniciativa de povos indígenas é exemplo de manejo sustentável na Amazônia; O projeto “Raízes do Purus” já aumentou em mais de 600% a população do peixe mais popular da Amazônia e mudou a realidade socioeconômica das comunidades na terra indígena Paumari (AM)
Estivemos na primeira Climate Week São Paulo, no cubo
No painel mediado pela equipe EcoUni, sobre Mudanças climáticas e o impacto nas comunidades indígenas, foi uma honra poder contar com a Daniele Rodrigues, gerente do Instituto Oyá e Anna Terra, ativista e liderança indígena do Xingu! Saiba mais aqui.
Participação no Mind The Gap: um evento organizado pelo Um Só Planeta e Época Negócios sobre “O que fazer para aumentar resiliência climática”
Com muito orgulho, fui ao lado do professor e liderança indígena Edson Kayapó que falou na mesa sobre o cuidado urgente com a terra, e tive a oportunidade de contribuir falando sobre conceito de regeneração, saiba mais aqui.
se você leu até aqui e se interessou por algum conteúdo específico, fique à vontade para me chamar no insta @vivinoda.
Ótima semana <3